Da Redação
Para desenvolver o tema desta Prancha, acredito que, antes de tudo, seja necessário esclarecer o que entendemos por "rebelde." Uma análise literal da definição poderia parecer limitadora e, como se impõe ao maçom, é preciso adotar uma perspectiva que vá além do significado aparente de “mero contestador” ou “opositor.” O rebelde, de fato, não é apenas aquele que se opõe, mas também quem embarca em um caminho de busca existencial, uma revolução interior voltada a preencher um vazio que sente no mais profundo de si.
Se considerarmos a rebeldia como uma jornada de autodescoberta, percebemos uma conexão com a própria essência do iniciado maçom, que é, por definição, um “buscador,” aquele que, sentindo o chamado de algo indefinido, se aventura além das seguranças do conhecido e empreende uma busca na qual rejeição e desejo de descoberta convivem e se entrelaçam. A dimensão do "rejeitar" é fundamental: não se trata de uma negação estéril, mas de um repúdio consciente a um estilo de vida, valores e perspectivas que já não satisfazem. Esse rejeitar representa o primeiro passo rumo à aventura do espírito.
Nesse contexto, o pensamento do filósofo
Albert Camus oferece uma chave de leitura útil. Camus observa que "o
verdadeiro rebelde é aquele que diz não." Mas esse "não" não é
um fim em si mesmo; ao contrário, é a afirmação indireta de um "sim"
mais profundo, de uma necessidade de sentido e plenitude que ultrapassa os
limites da sociedade e das convenções. Camus sustenta que a rebeldia nasce do
confronto entre a realidade e aquilo que o indivíduo percebe como justo ou
autêntico. A rebeldia, portanto, implica um ato de coragem, um questionamento
incessante que guia o maçom através dos ensinamentos simbólicos e rituais.
Outra característica do rebelde é seu
relacionamento com o conhecimento e a verdade. O maçom rebelde, diferente de
quem se rebela apenas para romper convenções, orienta-se por uma forma de rebeldia
que está constantemente voltada para a elevação e a descoberta interior. Ele
rejeita a ignorância e a superficialidade e se compromete a desvendar a verdade
por meio de seu próprio percurso iniciático. A Maçonaria, assim, torna-se o
espaço onde o rebelde pode canalizar sua energia em direção a uma busca positiva,
uma rebeldia construtiva.
Um grande poeta, Khalil Gibran, dizia: “Para
alcançar a aurora, não há outro caminho além da noite.” Essa frase destaca como
o caminho maçônico é caracterizado por uma jornada interior, um percurso que,
embora possa ser escuro e difícil, conduz inevitavelmente à Luz. Rebelamo-nos
contra as coisas do mundo, contra as ilusões e as seduções da matéria,
conscientes de que qualquer satisfação ligada a isso é efêmera e passageira.
Por oposição, buscamos o lado espiritual que nos parece faltar, aquela dimensão
intangível que não se reduz à posse, mas que nos chama à transcendência.

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